(Dica de Filme)
Há quem goste de ver filmes em
salas de exibição, por causa da atmosfera criada pelos efeitos sonoros e
visuais que envolvem o público e mergulham o indivíduo num mundo de sensações
sensoriais indescritíveis. Para esses, o Cinema é, antes de mais nada, uma
experiência prazerosamente coletiva. Por outro lado, há os que preferem o
recanto doméstico e se deliciam com as possibilidades de ver e rever
indefinidamente seus filmes preferidos, num verdadeiro mergulho cinematográfico
em detalhes que muitas vezes permanecem “em segredo” quando são exibidos
publicamente. Para esses, Cinema é uma experiência de “degustação” visual, de
intimidade com o roteiro, os personagens e as imagens, que passam a ser
incorporados à vida do cinéfilo, cujo prazer maior, sem dúvida, é o de
compartilhar suas impressões como espectador.
Este espaço tratará especificamente da segunda experiência, não
desprezando necessariamente a primeira. Na verdade, a intenção é abordar
despretensiosa e amadoristicamente alguns filmes que, acredito, podem servir
como sugestão para uma experiência singular e divertida. Aliás, quantos filmes
tivemos o prazer (ou desprazer) de assistir por indicação de amigos ou
conhecidos? Pois é, nada como comprovarmos com o nosso próprio senso crítico
aquilo que outras pessoas experimentaram, seja positiva ou negativamente. A
responsabilidade pelos comentários sempre recairá sobre o comentarista. Por
isso, meu objetivo é transformar minhas impressões sobre os filmes a que
assisto em um bate-papo cinematográfico, despido de preconceitos e aberto às
novidades.
Jake Gyllenhaal e Natalie Portman |
Tobey Maguire e Jake Gyllenhaal |
O que mais se destaca na película são as atuações de todos, pois
conseguem transmitir a devastação psicológica de uma família americana
provocada por um patriotismo desmedido, fruto do medo e da prepotência do
Governo, cujo preço se paga atualmente com as despesas provocadas pelas
inúmeras guerras bancadas pelos americanos, acenando com um retrato de crise
financeira e de redimensionamento de sua atuação política, social e econômica.
A pequena atriz que interpreta a filha mais velha do casal nos emociona
de tal forma que não conseguimos acreditar que, com sua pouca experiência,
consiga transmitir sentimentos tão complicados como o desamor e o temor pelo
pai, afeição pelo tio e serenidade diante do sofrimento mudo da mãe, que, ao
longo da história, oscila sensações de extrema tristeza ao saber da suposta
morte do marido, e, em seguida, de insuportável alegria, quando do seu
reaparecimento. O irmão problemático consegue se redimir por meio da
solidariedade com a cunhada e do carinho com as sobrinhas, e o suplício interior
do combatente nos demonstra o quanto temos que lidar com o peso de nossa
consciência.
Enfim, Entre Irmãos contém
ingredientes bastante diferentes e surpreendentes para torná-lo um filme com
capacidade de ser revisto com paciência e emoção, tanto em relação à performance
do elenco e ao roteiro bem elaborado, quanto pela direção eficiente. Sobretudo
por um motivo que torna uma história inesquecível: a sensação de termos
aprendido algo novo sobre nós mesmos e sobre o mundo em que vivemos.
Eber
Ramos